O experimento do aprisionamento de Stanford

stanford

Título original – The Stanford Prison Experiment

Ano de lançamento – 2015

Distribuidora – Universal Pictures

Antes de mais nada a sinopse:

Vinte e quatro estudantes do sexo masculino são selecionados para um experimento na Universidade de Stanford. No porão do campus, uma prisão simulada é construída. Tudo para provar a teoria do professor de psicologia Philip Zimbardo (Billy Crudup) de que os traços de personalidade dos prisioneiros e guardas são a principal causa de comportamentos abusivos entre eles. Por 15 doláres por dia, os jovens ganharam funções, de forma aleatória. Porém, após a rápida desistência de dois estudantes que ficaram como prisioneiros, o experimento é interrompido após seis dias. Agora, uma investigação é feita para saber as causas desse conflito. Fonte – http://www.adorocinema.com/filmes/filme-231236/

Particularmente gostei do filme, não é um blockbuster e não deve ganhar o público geral, de modo que seu lançamento no Brasil será direto para dvd no dia 14/04/2016. No decorrer do filme são dados de formas aleatórias os papéis que os voluntários vão desempenhar, metade pega o papel de guarda e a outra metade pega o papel de prisioneiro. Os guardas tem total liberdade e permissão dos professores para fazer o que quiserem com os prisioneiros, em contrapartida, os prisioneiros não possuem nomes durante o experimento, apenas números e devem tratar os guardas como autoridades.

No início vai tudo bem, porém, quando vão entrando de cabeça nos papéis que estão desempenhando, vão mudando suas formas de agir. Tanto guardas quanto prisioneiros passam a serem guiados pelo que é esperado de uma pessoa naquela situação,  um dos guardas inclusive se espelha em John Wayne para se sentir mais bravo e confiante, então os guardas começam a maltratar os prisioneiros, tanto fisicamente quanto psicologicamente. O resultado não poderia ser outro que não o desastre. Rebeliões, tentativas de fuga, prisioneiros molestados, solitária, etc., fazem com que a relação entre os jovens que antes não tinham absolutamente nenhum problema uns com os outros, se torne extremamente violenta e abusiva. E o mais perplexo é que  seus papéis foram definidos na sorte ! ou seja o guarda que estava maltratando um prisioneiro poderia muito bem ter sido um prisioneiro, nada além da sorte o separou daquele destino, porém o que vemos no filme e traçamos aqui um paralelo com a teoria de Moreno, é que não importa qual seja o papel que determinada pessoa vai desempenhar, é o próprio papel que vai alterar a personalidade da pessoa e não o contrário, um jovem que foi guarda  e castigava os prisioneiros poderia muito bem ter sido um prisioneiros castigado pelos guardas. Podemos ir ainda mais além, podemos concordar que se todos os que pegaram o papel de prisioneiros tivessem pego o papel de guarda e todos os guardas tivessem pego o papel de prisioneiro, a situação não mudaria, os guardas continuariam maltratando os prisioneiros que continuariam aceitando os abusos, pois isso é o que propõe a teoria de papéis de Moreno, que o eu não forma o papeis que desempenhamos, mas os papeis que desempenhamos formam o eu. Ao final do filme podemos ver um depoimento, posterior ao experimento, onde o um aluno que fez o  guarda “John Wayne” conversa com o prisioneiro que desistiu do experimento, que admitiu frente a frente que sabia que colega era uma boa pessoa, mas não sabiam o motivo de terem agido como agiram, o guarda por sua vez afirmou que fez o que fez esperando alguém manda-lo parar, ver o quanto uma pessoa aceitava sua autoridade.

Podemos ver nesse filme como como a relação com os rótulo que são dados as pessoas podem ser prejudiciais. Uma vez que não temos contato com o eu-tu  e se estabelece o eu-isso, fica simplesmente impossível atingir a Tele, que nos propicia uma relação verdadeira e de qualidade. Vemos também ao longo do filme, uma aplicação de como a teoria de papéis de Moreno tem validade e como a maioria dos conflitos que vivemos no nosso dia a dia, esquerda contra direita, corintiano contra palmeirense, brasileiro contra argentino, possuem um certo grau de ignorância e poderiam chegar a ser resolvidos apenas nos colocando no lugar do outro, apenas trocando a roupa de guarda pela de prisioneiro.

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