Catarse de Integração

 

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O método psicodramático estabelece segundo Moreno (2014), a hipótese de oferecer aos pacientes, individualmente ou em grupos, uma nova oportunidade de reintegração psicodinâmica e também sociocultural. Para isso, segundo o autor, são necessárias “culturas terapêuticas em miniatura”, em lugar ou além de habitats naturais insatisfatórios. Para isso, Moreno apresenta os veículos que levam a realização desse programa: (1) o psicodrama existencial no contexto da própria vida comunitária in situ e (2) o teatro terapêutico, objetivo, neutral e flexível. A ressignificação no psicodrama se dá com a catarse de integração.

A catarse de integração é um dos principais objetivos no método psicodramático, segundo Menegazzo, Tomasini, Zuretti et al. (1995), ela pode ser descrita como atos fundantes de transformação, que Moreno teria comparado com novos nascimentos. Tais fenômenos, segundo os autores, possibilitam a liberação de papéis fixados em impressões inadequadas, tornando mais fácil assumir novas condutas, ou seja, completar aspectos não-resolvidos no modo de ser, caracterizados por ordenações vinculares originalmente inadequadas.

Segundo os autores, um ato catártico é fundante, pois a partir dele, o protagonista institui outro modo de relacionamento, é também um ato de integração, já que, através da reestruturação dramática, o protagonista enriquece com novas percepções e assume novos papéis em seu átomo social.

Os autores postulam que todo fenômeno de catarse de integração deve ser constituído por três momentos co-implicantes, que segundo Husserl, integram a operação da compreensão, são eles: (1) momento intelectual – se reesclarecem os papéis de vínculos conflitantes da figura dramática que, até então, poderiam ser mediados por mecanismos de repressão ou negação. A nova operação dá um novo sentido às figuras, que assim, podem atuar de outras maneiras, tornando-se assim, símbolos resolutivos; (2) momento emocional – figura no campo do sentir, da consciência da emoção, através da reatualização dos estados afetivos da cena, o protagonista pode observar a ampla gama de paixões contrapostas contidas em seu próprio papel; (3) momento axiológico – surge no protagonista um novo valor, que ao se produzir, sustenta uma nova conduta e uma nova maneira de se relacionar. Os autores esclarecem que para uma operação se completar e produzir tais efeitos, os três momentos devem acontecer, de forma co-implicante e concomitante, didaticamente diferenciados.

 

Fonte

MENEGAZZO, C. M. Magia, mito e psicodrama. São Paulo: Ágora, 1994.

__________________; ZURETTI, M. M.; TOMASINI, M. A.; et al. Dicionário de Psicodrama e Sociodrama. São Paulo: Ágora, 1995.

 

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